Para aqueles que estão
acostumados a assistir aos jogos de basquetebol da equipe masculina do XV de
Piracicaba um atleta em especial chama a atenção por sua determinação, garra e
espírito de liderança.
Esse personagem é o pivô Telmo
Santos Oliveira que desde os tempos de Winner/Limeira passou a ser reconhecido
pelo codinome, o Deus da Raça, que traduz com perfeição sua atitude guerreira
dentro das quadras.
Mas para entender esse “garoto”
quarentão é preciso voltar um pouco no tempo para conhecer sua trajetória
vencedora pelos principais clubes de basquetebol do país.
Aos 13 anos começou a praticar
basquete nos jogos escolares da capital paulista, onde foi observado por um
olheiro do São Paulo Futebol Clube, que o levou para fazer testes na escolinha
de basquete do tricolor paulista.
O jovem baiano foi aprovado na
equipe, mas os desafios começavam a trilhar seu caminho com a postura exigente
do técnico do adulto e coordenador das equipes de base, o falecido senhor
Guaranha que impôs grandes dificuldades na vida de Telmo dentro do São Paulo.
Mas Telmo sabia de seus
objetivos e com apenas um ano de equipe, o bom baiano superou as dificuldades e
levantou a taça de vice-campeão paulista da categoria pré-mirim. Logo depois
foi transferido para o Esporte Clube Pinheiros, onde sagrou-se vice estadual
pela categoria infantil.
O Continental Park Clube, em
São Paulo, foi a equipe que ofereceu a estrutura necessária para Telmo adquirir
a base técnica nos fundamentos da modalidade, além do desenvolvimento da
disciplina e a paixão pelos treinamentos.
No clube paulista, ele
conquistou títulos nas categorias infanto e juvenil e foi eleito em uma das
temporadas como o melhor atleta juvenil do campeonato estadual.
Com os resultados positivos
dentro de quadra na categoria infanto, Telmo foi convocado para integrar a
Seleção Paulista no ano de 1988, quando conquistou o Campeonato Brasileiro,
disputado na cidade de Capão da Canoa (RS).
O fruto de todo esforço e
dedicação de Telmo teria resultado ainda no ano de 1989 com sua primeira
convocação pela Seleção Brasileira num Campeonato sul-americano disputado na
cidade de Assunção, no Paraguai. Na ocasião, o Brasil ficou na segunda posição,
perdendo o título para nossos queridos “hermanos”, os argentinos.
Com a Seleção Brasileira Sub-22
o pivô participou do Campeonato Mundial na Espanha no ano de 2000 e perdeu para
a França na fase semifinal da competição. Para se ter uma ideia da qualidade do
elenco brasileiro, até o time norte-americano lamentou a desclassificação do
Brasil, já que eles davam como certa a decisão entre Brasil e Estados Unidos.
Com 19 anos de idade foi
transferido para o Nosso Clube de Limeira, seu primeiro time adulto. O desafio
novamente bateu à sua porta, já que em sua primeira atuação pela equipe de
Limeira, Telmo teve que novamente vencer inúmeros obstáculos para conquistar
uma das vagas no elenco titular.
Com rápidas passagens pelas
equipes da Sogipa, de Porto Alegre (RS) e Sírio Libanes, de São Paulo, Telmo
casa-se no ano de 1994 e volta para mais um período de vitórias no Nosso Clube
de Limeira, onde foi vice-campeão paulista sob o comando do técnico
Carioquinha.
Com o final do basquete adulto
no Nosso Clube, o pivô segue seu caminho e disputa o Campeonato Brasileiro pelo
Brastemp/Rio Claro, mas logo vai para Casa Branca, onde alcançou o terceiro
lugar no Campeonato Paulista.
Nas Minas Gerais, na cidade de
Uberlândia, Telmo Santos Oliveira levantou os troféus de campeão mineiro,
campeão da Taça Brasil e a quarta colocação no Campeonato Brasileiro
(2000/2001).
No ano de 2002, o pivô de
Itabuna jogou na equipe do Barueri Mackenzie/Microcamp, atuando ao lado de
Oscar Schmidt, uma das maiores estrelas do basquetebol mundial.
“Eu admirava as atuações de
Oscar pela TV e pouco tempo depois lá estava eu jogando ao lado do cara. Ele
sempre teve uma característica marcante como atleta competitivo, objetivo e
guerreiro”. Além de Oscar, o timaço de Barueri contava com Paulinho Villas
Boas, Israel, Josuel e o norte-americano Robyn Terence Davis. “Só podia
aprender com uma equipe dessas, eram os melhores” – disse.
No Universo/Ajax, de Goiânia,
onde permaneceu por três temporadas, vieram mais uma gama de títulos:
tri-campeão goiano e campeão da Taça Brasil.
Em sua volta para Limeira,
atuou pela Winner do técnico Wilson Renzi e sagrou-se vice-campeão paulista,
cinco vezes campeão dos Jogos Regionais e duas vezes campeão dos Jogos Abertos
do Interior.
E foi exatamente nesta época
que Telmo começou a ser chamado de Deus da Raça, um codinome herdado dos
comentários e narrativas do cronista Edmar Ferreira, que admirava o atleta por
sua dedicação, garra e pelos seus gestos vibrantes após as cestas.
O codinome Deus da Raça segue
forte lá pelos lados de Limeira, onde inclusive, Telmo Santos Oliveira ganhou
placa comemorativa como o maior pontuador da Winner de todos os tempos. Ele tem
a marca de quatro mil pontos, até hoje nunca atingida por qualquer outro atleta
do clube.
Quando chegou a equipe
masculina do XV/Raízen/Unimed/Unimep/Selam, Telmo manteve a característica
aguerrida, permitindo que conquistasse espaço de liderança e respeito do grupo,
assumindo posteriormente a função de assistente técnico do selecionado
piracicabano, cargo que defende em todas as competições válidas desde a
temporada 2011.
“Dentro da quadra é preciso
manter a concentração, esquecer o mundo lá fora e pensar apenas na partida.
Acredito verdadeiramente que o grupo montado por essa atual diretoria
continuará a dar trabalho aos adversários. Tenho muita fé neste elenco.” –
completa Telmo.
Perfil do Atleta:
Nome: Telmo Santos Oliveira, o Telmo
Posição: (pivô)
Camisa: 11
Altura: 1,98
Peso: 110 kg
Nascimento: 25 de setembro de 1971
Natural: Itabuna, na Bahia.
Entrevista:
Qual o maior benefício do basquetebol para sua vida?
Telmo – O basquetebol foi determinante para a formação
do meu caráter, a gente aprende a respeitar o próximo e a compreender os
limites de cada companheiro de equipe.
É através do basquetebol que
aprendi o valor de se trabalhar duro para alcançar um objetivo. Eu sempre
procurei jogar sério e com orgulho em todas as equipes que defendi durante
minha carreira.
Desde a temporada 2011 você trabalha como assistente técnico da equipe
de basquetebol do XV de Piracicaba. Isso é uma prévia de seu futuro como
técnico?
Telmo – Tenho a honra de trabalhar ao lado do Baiano,
que é o técnico da equipe do XV e procuro contribuir com a organização das
jogadas e as estratégias durante as partidas. Com o tempo acredito que esse
será meu futuro, pelo menos estou trabalhando para alcançar esse objetivo.
Você acredita que suas características como atleta influenciam as novas
gerações?
Telmo – Eu espero que as novas gerações de atletas
possam entender e respeitar as minhas características dentro de quadra.
Acredito que líder é muito mais do que uma braçadeira de capitão ou algo assim,
é atitude e vontade de vencer.
Entendo que essas
características são determinantes para o crescimento de todos aqueles que
realmente desejam seguir carreira como atleta de basquetebol.
O que significa a cidade de Piracicaba nesta sua fase de vida?
Telmo – É nesta cidade acolhedora, maravilhosa, que
voltei a encontrar o prazer de jogar basquetebol. Em Piracicaba reencontrei a
alegria de jogar e defender uma cidade que respeito e amo de coração. É nesta
cidade que pretendo crescer ainda mais através do basquetebol.
Qual o sentimento em acompanhar o crescimento de seu filho, que também
seguiu carreira como jogador de basquetebol?
Telmo – É gratificante vê-lo jogar, a felicidade é
grande e fica até difícil falar do assunto sem ficar emocionado. Procuro
ajudá-lo de todas as maneiras para que ele seja feliz dentro e fora das
quadras.
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