sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Telmo, o Deus da Raça

Para aqueles que estão acostumados a assistir aos jogos de basquetebol da equipe masculina do XV de Piracicaba um atleta em especial chama a atenção por sua determinação, garra e espírito de liderança.
Esse personagem é o pivô Telmo Santos Oliveira que desde os tempos de Winner/Limeira passou a ser reconhecido pelo codinome, o Deus da Raça, que traduz com perfeição sua atitude guerreira dentro das quadras.
Mas para entender esse “garoto” quarentão é preciso voltar um pouco no tempo para conhecer sua trajetória vencedora pelos principais clubes de basquetebol do país.
Aos 13 anos começou a praticar basquete nos jogos escolares da capital paulista, onde foi observado por um olheiro do São Paulo Futebol Clube, que o levou para fazer testes na escolinha de basquete do tricolor paulista.
O jovem baiano foi aprovado na equipe, mas os desafios começavam a trilhar seu caminho com a postura exigente do técnico do adulto e coordenador das equipes de base, o falecido senhor Guaranha que impôs grandes dificuldades na vida de Telmo dentro do São Paulo.
Mas Telmo sabia de seus objetivos e com apenas um ano de equipe, o bom baiano superou as dificuldades e levantou a taça de vice-campeão paulista da categoria pré-mirim. Logo depois foi transferido para o Esporte Clube Pinheiros, onde sagrou-se vice estadual pela categoria infantil.
O Continental Park Clube, em São Paulo, foi a equipe que ofereceu a estrutura necessária para Telmo adquirir a base técnica nos fundamentos da modalidade, além do desenvolvimento da disciplina e a paixão pelos treinamentos.
No clube paulista, ele conquistou títulos nas categorias infanto e juvenil e foi eleito em uma das temporadas como o melhor atleta juvenil do campeonato estadual.
Com os resultados positivos dentro de quadra na categoria infanto, Telmo foi convocado para integrar a Seleção Paulista no ano de 1988, quando conquistou o Campeonato Brasileiro, disputado na cidade de Capão da Canoa (RS).
O fruto de todo esforço e dedicação de Telmo teria resultado ainda no ano de 1989 com sua primeira convocação pela Seleção Brasileira num Campeonato sul-americano disputado na cidade de Assunção, no Paraguai. Na ocasião, o Brasil ficou na segunda posição, perdendo o título para nossos queridos “hermanos”, os argentinos.
Com a Seleção Brasileira Sub-22 o pivô participou do Campeonato Mundial na Espanha no ano de 2000 e perdeu para a França na fase semifinal da competição. Para se ter uma ideia da qualidade do elenco brasileiro, até o time norte-americano lamentou a desclassificação do Brasil, já que eles davam como certa a decisão entre Brasil e Estados Unidos.
Com 19 anos de idade foi transferido para o Nosso Clube de Limeira, seu primeiro time adulto. O desafio novamente bateu à sua porta, já que em sua primeira atuação pela equipe de Limeira, Telmo teve que novamente vencer inúmeros obstáculos para conquistar uma das vagas no elenco titular.
Com rápidas passagens pelas equipes da Sogipa, de Porto Alegre (RS) e Sírio Libanes, de São Paulo, Telmo casa-se no ano de 1994 e volta para mais um período de vitórias no Nosso Clube de Limeira, onde foi vice-campeão paulista sob o comando do técnico Carioquinha.
Com o final do basquete adulto no Nosso Clube, o pivô segue seu caminho e disputa o Campeonato Brasileiro pelo Brastemp/Rio Claro, mas logo vai para Casa Branca, onde alcançou o terceiro lugar no Campeonato Paulista.
Nas Minas Gerais, na cidade de Uberlândia, Telmo Santos Oliveira levantou os troféus de campeão mineiro, campeão da Taça Brasil e a quarta colocação no Campeonato Brasileiro (2000/2001).
No ano de 2002, o pivô de Itabuna jogou na equipe do Barueri Mackenzie/Microcamp, atuando ao lado de Oscar Schmidt, uma das maiores estrelas do basquetebol mundial.
“Eu admirava as atuações de Oscar pela TV e pouco tempo depois lá estava eu jogando ao lado do cara. Ele sempre teve uma característica marcante como atleta competitivo, objetivo e guerreiro”. Além de Oscar, o timaço de Barueri contava com Paulinho Villas Boas, Israel, Josuel e o norte-americano Robyn Terence Davis. “Só podia aprender com uma equipe dessas, eram os melhores” – disse.
No Universo/Ajax, de Goiânia, onde permaneceu por três temporadas, vieram mais uma gama de títulos: tri-campeão goiano e campeão da Taça Brasil.
Em sua volta para Limeira, atuou pela Winner do técnico Wilson Renzi e sagrou-se vice-campeão paulista, cinco vezes campeão dos Jogos Regionais e duas vezes campeão dos Jogos Abertos do Interior.
E foi exatamente nesta época que Telmo começou a ser chamado de Deus da Raça, um codinome herdado dos comentários e narrativas do cronista Edmar Ferreira, que admirava o atleta por sua dedicação, garra e pelos seus gestos vibrantes após as cestas.
O codinome Deus da Raça segue forte lá pelos lados de Limeira, onde inclusive, Telmo Santos Oliveira ganhou placa comemorativa como o maior pontuador da Winner de todos os tempos. Ele tem a marca de quatro mil pontos, até hoje nunca atingida por qualquer outro atleta do clube.
Quando chegou a equipe masculina do XV/Raízen/Unimed/Unimep/Selam, Telmo manteve a característica aguerrida, permitindo que conquistasse espaço de liderança e respeito do grupo, assumindo posteriormente a função de assistente técnico do selecionado piracicabano, cargo que defende em todas as competições válidas desde a temporada 2011.
“Dentro da quadra é preciso manter a concentração, esquecer o mundo lá fora e pensar apenas na partida. Acredito verdadeiramente que o grupo montado por essa atual diretoria continuará a dar trabalho aos adversários. Tenho muita fé neste elenco.” – completa Telmo.
Perfil do Atleta:
Nome: Telmo Santos Oliveira, o Telmo
Posição: (pivô)
Camisa: 11
Altura: 1,98
Peso: 110 kg
Nascimento: 25 de setembro de 1971
Natural: Itabuna, na Bahia.

Entrevista:
Qual o maior benefício do basquetebol para sua vida?
Telmo – O basquetebol foi determinante para a formação do meu caráter, a gente aprende a respeitar o próximo e a compreender os limites de cada companheiro de equipe.
É através do basquetebol que aprendi o valor de se trabalhar duro para alcançar um objetivo. Eu sempre procurei jogar sério e com orgulho em todas as equipes que defendi durante minha carreira.
Desde a temporada 2011 você trabalha como assistente técnico da equipe de basquetebol do XV de Piracicaba. Isso é uma prévia de seu futuro como técnico?
Telmo – Tenho a honra de trabalhar ao lado do Baiano, que é o técnico da equipe do XV e procuro contribuir com a organização das jogadas e as estratégias durante as partidas. Com o tempo acredito que esse será meu futuro, pelo menos estou trabalhando para alcançar esse objetivo.
Você acredita que suas características como atleta influenciam as novas gerações?
Telmo – Eu espero que as novas gerações de atletas possam entender e respeitar as minhas características dentro de quadra. Acredito que líder é muito mais do que uma braçadeira de capitão ou algo assim, é atitude e vontade de vencer.
Entendo que essas características são determinantes para o crescimento de todos aqueles que realmente desejam seguir carreira como atleta de basquetebol.
O que significa a cidade de Piracicaba nesta sua fase de vida?
Telmo – É nesta cidade acolhedora, maravilhosa, que voltei a encontrar o prazer de jogar basquetebol. Em Piracicaba reencontrei a alegria de jogar e defender uma cidade que respeito e amo de coração. É nesta cidade que pretendo crescer ainda mais através do basquetebol.
Qual o sentimento em acompanhar o crescimento de seu filho, que também seguiu carreira como jogador de basquetebol?
Telmo – É gratificante vê-lo jogar, a felicidade é grande e fica até difícil falar do assunto sem ficar emocionado. Procuro ajudá-lo de todas as maneiras para que ele seja feliz dentro e fora das quadras.


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